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quarta-feira, 27 de novembro de 2013

Súplica de sertanejo sedento


-Chove chuva almejada...
Chove sem parar
Ah! Se puder bem devagarinho
Que nem leite de peito de mãe
A alimentar recém nascido faminto.

-Chove chuva anelada
Chove sem parar
Se puder bem devagarinho.
Mas que sejas persistente...
Constante e duradoura.
Se possível que nem lágrimas
De mulher abandonada
Ou que nem queixumes
De homem traído.

-Chove chuva benfazeja
Chove sem parar
Mas se puder
Que seja bem de vagarinho...
 E sempre a contento
Ou então que seja mesmo do jeito
Que ao dono do tempo bem aprouver.

-Chove chuva plantadora
Chove sem parar
Tomara que não sejas tão assustadora
Do jeito que conhecemos:
Com urros de trovões ouriçados...
Com relâmpagos reluzentes...
Com raios de neon a pipocar
Por todo lado
Com ventos barulhentos a assoviarem
Por todo canto
Fazendo muito medo a gente.

-Mas...Chove chuva benfazeja,
Chove chuva almejada
Porquanto quero sentir
Aquele cheirinho gostoso
Que exala da terra molhada.
Porque quero ouvir o barulhinho
Dos pingos d’água
A tilintarem no telhado seco da casa
E no telhado ávido d`alma sertaneja.

-Chove chuva gostosa...
Chove chuva vadia
Que fecunda a terra no cio
E que também fecunda o coração
Esperançoso do sertanejo
Que só de pensá nocê
Chove chuva,
Se lambuza todinho...
De alegria verdinha verdinha.


Montes Claros(MG)- 30-09-2013

RELMendes

quinta-feira, 21 de novembro de 2013

Um lindo sorriso negro!

(o da minha vó materna, Elvira Gomes!)


Regado de abundante ternura
Busco encontrar palavras,
versos, rimas
Que possam descrever
Seu lindo sorriso negro
A reluzir ao clarão do luar...

Um lindo sorriso negro,
Porque...
Verdadeiramente
Negro!
Um sorriso negro
Espantosamente belo,
Porque,
Essencialmente  
Negro!
Que o digam as águas cristalinas do Timbó!
Que o propalem o vento, o mar, as cascatas
E o látex que se derrama generoso
Dos sulcos das seringueiras nativas do Pará!

Um belo sorriso negro
A reluzir ao clarão do luar,
Que na terra não o pude desfrutar
Porque... quando nasci,
Ele (o sorriso negro) já havia partido
Lá prás bandas encantadas do sem-fim
Donde nos vem o luar...

Ah! Sorriso negro tão lindo,
Pena que só te contemplei
Em uma bela foto antiga
Que... na capoeira da vida,
Estranhamente  
Desapareceu!...
(será por que hein?)

Oh! Sorriso negro tão belo
A reluzir ao clarão do luar,
Dos teus melodiosos fulgores
Muito ouvi falar!
(Claro! Só em meio a preconceituosos
  bochichos de familiares
  e em profundo clima de segredo,
  porque a maioria desses aparentados
  já haviam desbotado a pele negra!)

Às vezes questiono-me cá com meus botões:

Formosa senhora do belo sorriso negro
De uma Oxum das águas doces,
Se com tua negritude
Inebriaste-me sobremaneira,
Será que prá  teres sido...desta vida,
Arrebatada tão cedo (33 anos)
Lá prás bandas do sem-fim
Donde nos alumia o luar,
Não terás também fascinado
Os olhos incandescentes de Oxalá,
Ò bela descendente de Zumbi?!  
(O grande rei dos Palmares!)

Oh, gracioso sorriso negro...
A alumiar-se ao clarão do luar,
Contigo, quero sempre sonhar!....

Montes Claros (MG), 20-11-2013
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terça-feira, 12 de novembro de 2013

O velho portão do quintal da sua infância

      ( uma das referências de sua vida!)

Já no crepúsculo da vida
O menino que em meu amigo ainda se esconde
Pôs-se a buscar fantasmas da infância
Lá no baú do baú das recordações tantas.

Então...
  ( ao abrir-se esse tal baú do baú)
Espantaram-se as lembranças
  ( que nem avoantes a gorjear
   no tempo do acasalamento)
E o meu amigo defrontou-se
Com um velho portão escancarado
Lá pras bandas  do rio Jaguaribe...
Ora exuberante e caudaloso...
  (se no chuvoso inverno nordestino)
Ora um leito seco...
Arenoso e ressequido.
  ( porque esse rio evaporava durante
   a longa estiagem naquele sertão)

Ah! O velho portão do fundo do quintal de sua infância!

Portão velho de tantas fugas ingênuas...
Portão velho de tantas outras escapadelas vadias...
  (do menino travesso d’outrora que era... ora!)

Se não me engano
Esse velho portão do quintal de sua infância
Ainda o enternece...
Ainda o entristece...
Porque ainda hoje o faz sentir saudades de Mariazinha,
   ( a menina que enfeitiçou
     seu coração de ternura em sua infância!)

Ah! O velho portão do fundo quintal de sua infância!

Portão velho de tantas fugas ingênuas...
Portão velho de tantas outras escapadelas vadias...
  (do menino travesso d’outrora que era... ora!)

Montes Claros (MG), 29-04-2009
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quarta-feira, 6 de novembro de 2013

Um versinho alegre...


Ah! Versos de criança...
São como aquelas borboletinhas amarelas...
Que a brincar à beira do corregozinho
Lá do fundo do quintal da infância,
Sempre enfeitam...
(de brinquedos: cabeçolinhas, pião, bolas coloridas...)
O coração da gente,
Com um tantão de alegrias...

Montes Claros, 04-10-2013

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