- Ora!...
Ora!... Ora!...
Cá entre nós,
e tão-somente entre nós:
Pois num é que
o tempo passou e passou célere
E eu nem sequer
me apercebia disso...
Quiçá, porque eu
o gastava...sem avareza,
Em semear...por
onde caminhei e caminhei...
Sonhos e mais
sonhos a cada amanhecer.
E, pois num é
que...por onde eu os semeei,
Desabrocharam
sorrisos e mais sorrisos esperançosos!
- Será por que,
hein?
Ah! Quiçá, porque
orvalhei os caminhos percorridos
Com o verbo
esperançar, né não?!
Verbo esse que
pouquíssimos, mas pouquíssimos mesmo,
Ousam
decliná-lo...com satisfação,
Vez que requer:
Labuta, determinação, disposição Persistência...transparência...“parrésia”enfim.
Ah! E,
sobretudo, um punhado substancial
De “COMPAIXÃO”...
(Sentir com as
vísceras o sofrimento do outro)
Sentimento
nobilíssimo,
Porquanto
fruto da generosidade interior
Que,
tão-somente, as almas gentis o possuem...
E o possuem pra
enfeitar...e enfeitar com galhardia,
O lindo jardim
da vida...verdinha verdinha...ara!
- Isto pra mim
é vida a pulsar...ora!
-Entretanto, como
quem está vivo...
Eu também teria
de vivenciar
A iminente velhice...que
sorrateiramente,
Foi se
achegando a mim...sem economias,
Porquanto
tive, e continuo a ter, o privilegio de viver
Embriagado de
vida verdinha verdinha
Isto já por mais
de sete (7) décadas e meia...ora bolas!
Portanto, nada
contra a velhice ou o longo viver...
Vez que viver
é bom demais da conta, sô!
Mas a mim só
me parece que, vez por outra,
Ela, a velhice,
anda muito mal acompanhada:
-Hipertensão...
-Reumatismo...
-Diabetes Mellitus
II etc etc
- Isto pra mim
é vida a pulsar...ora!
Mas, em
compensação, a temida velhice
Oferta-me
horas a fio pra eu degustar
Coisinhas
simples que tanto me aprazem:
- Amanhecer-me
antes do despertar do sol
Para
extasiar-me com o alvorecer incandesceste
Desse amado
sertão e deliciar-me com a cantoria
Da passarada
louvando o novo dia que se deixa acordar...
- Isto pra mim
é vida a pulsar...ora!
- Ir a pés em
chão bem cedinho á padaria
Pra jogar papo
fora com a vizinhança tagarela
Que não perde
a oportunidade de debulhar
Todos os dias
as mesmas potocas de sempre.
Ah! Perco-me
em risos...ara!
- Isto pra mim
é vida a pulsar...ora!
- Sentar-me à
varanda...logo após o anoitecer,
Porquanto lá é
donde posso serenamente contemplar
O lusco-fusco
das estrelas a implicarem
Com o clarão desvairado
do luar...
- Isto pra mim
é vida a pulsar...ora!
- Arrefecer-me
ouvindo uma música qualquer
Não importa
qual!
Venha de onde
vier...de preferência
Solfejada pela
bela voz de Beatriz Azevedo!
- Isto pra mim
é vida a pulsar...ora!
- Deixar-me
balangar e balangar
Nas asas das boas
recordações adormecidas
Mas nunca
esquecidas,
Lá nos desvãos
de minha gratidão...
Pois elas
sempre enfeitam meus versins...
- Isto pra mim
é vida a pulsar...ora!
- Porquanto
hoje eu tenho tempo de sobra...
Aprecio muito escutar
a zuada das crianças
A brincar na
rua sob a clarabóia da lua...
E também me
fascina auscutar
Pálido de
espanto...
Os sussurros
apaixonados
Dos enamorados
a se lambuzarem de carícias
Sob a marquise
de minha varandinha...
Ah, se gosto!
- Isto pra mim
é vida a pulsar...ora!
- Ah! Por fim,
não abro mão...em hipótese alguma,
De um cafezin
quentin feito na hora...
Nem de uma
farta bandeja de pães de queijo
E de
biscoitinhos amanteigados feitos pela vizinha
Nem tampouco
dos meus queridos amigos (as)
Do indescritível
Facebook...
- Isto pra mim
é vida a pulsar...ora!
Romildo
Ernesto de Leitão Mendes ( RELMendes)
Montes Claros
(MG) 29-04-2016