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domingo, 9 de maio de 2021

Há que se partir um dia

(quer se queira ou não)


-Nada se há que fazer

Ela, a morte, campeia, ultimamente,

Por aqui e lá acolá, também,

A ceifar-nos, sem pena, nem dó,

A quem se ama muito, ou á beça...

E, também, a quem se admira

Ao encantamento ...

 

Á ela, morte, pouco se lhe dá

A dor que nos arrebenta, aos frangalhos,

(quer por fora e por dentro, quando chega )

Nem, tampouco,a amargura, doida da perda,

Que nos corta o coração estraçalhado de saudades,

Quando de surpresa, ela, a morte, nos defronta

Face a face, para surrupiar-nos familiares

E  amizades queridas, sem nenhum

Constrangimento sequer!

 

-Nada se há que fazer

Senão viver com parresia o “carpe diem”

(Tão declamado pelos monges medievais)

Ó “carpe diem”, “carpe diem”...

Quão sábia é tua proposição

Sobre a passageira vida...e a inevitável morte...

Tanto para quem busca ávido, só as coisas do alto,

Quanto para quem refestela-se apenas, com as

Vaidades efêmeras desse nosso mundão!

 

-Nada há o que se fazer

Senão tê-la (a temida morte) como irmã

(Que nem o fez São Francisco de Assis...)

Vez que ela ( a morte) e a vida nos acompanham

Desde a nossa concepção no útero materno...

A diferença entre uma e outra é,  a “vida”

Tem tempo certo de desabotoar-se em Alegria,

E a outra, a morte, é sorrateira no seu chegar,

E sempre se desabotoa em profunda Tristeza!

Mas se a irmã morte é-nos inevitável, então,

Na medida do possível, engolamo-la, mas com

O todo o direito de estrebucharmos, aos berros,

Antes de dizermos até breve, a quem nos antecedeu

Nessa grande travessia: - da Morte!

 

RELMendes – 26/04/2021