(quer se queira ou não)
-Nada se há que fazer
Ela, a morte, campeia,
ultimamente,
Por aqui e lá acolá,
também,
A ceifar-nos, sem pena,
nem dó,
A quem se ama muito, ou á
beça...
E, também, a quem se admira
Ao encantamento ...
Á ela, morte, pouco se lhe
dá
A dor que nos arrebenta,
aos frangalhos,
(quer por fora e por
dentro, quando chega )
Nem, tampouco,a amargura,
doida da perda,
Que nos corta o coração
estraçalhado de saudades,
Quando de surpresa, ela, a
morte, nos defronta
Face a face, para
surrupiar-nos familiares
E amizades queridas, sem nenhum
Constrangimento sequer!
-Nada se há que fazer
Senão viver com parresia o
“carpe diem”
(Tão declamado pelos
monges medievais)
Ó “carpe diem”, “carpe
diem”...
Quão sábia é tua
proposição
Sobre a passageira vida...e
a inevitável morte...
Tanto para quem busca
ávido, só as coisas do alto,
Quanto para quem refestela-se
apenas, com as
Vaidades efêmeras desse
nosso mundão!
-Nada há o que se fazer
Senão tê-la (a temida
morte) como irmã
(Que nem o fez São
Francisco de Assis...)
Vez que ela ( a morte) e a
vida nos acompanham
Desde a nossa concepção no
útero materno...
A diferença entre uma e
outra é, a “vida”
Tem tempo certo de
desabotoar-se em Alegria,
E a outra, a morte, é
sorrateira no seu chegar,
E sempre se desabotoa em
profunda Tristeza!
Mas se a irmã morte é-nos inevitável,
então,
Na medida do possível, engolamo-la,
mas com
O todo o direito de estrebucharmos,
aos berros,
Antes de dizermos até
breve, a quem nos antecedeu
Nessa grande travessia: - da
Morte!
RELMendes – 26/04/2021