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domingo, 22 de maio de 2016

Os ventos sopram-me saudades...


-Ah! Quanta vez na madruga...
A chamar-me...os ventos
Assoviam-me n’alma:
-Saudades dos bogarims
Que perfumavam as ruas
Da minha infância...
Tão cheia de detalhes...

-Ah! Quanta vez na madrugada
A chamar-me...os ventos
Assoviam-me n’alma:
-Saudades dos cheirinhos
Que minha mãe dava
Em meu cangote...
Quando eu a aporrinhava
Com meus calundus
De criança mimada...

-Ah! Quanta vez na madrugada
A chamar-me...os ventos
Assoviam-me n’alma:
-Saudades dos meus passeios
De bicicleta...ao entardecer,
Pra conversar com os passarinhos,
Vez que meu pai não nos permitia
Tê-los engaiolados em casa...
Para ele os passarinhos nasceram
Pra voar a céu aberto sem fim...


 -Ah! Quanta vez na madrugada
A chamar-me...os ventos
Assoviam-me n’alma:
-Saudades de tantas outras
Não sei o quê...já quase esquecidas,
E que nem os seus porquês...
Ainda tampouco os sei,
Mas que pretendo sabê-los
O mais rápido possível...
Porquanto, inundam-me a alma alheia
(Ah, Se pretendo!)
E...e bem antes de eu partir
Lá pras bandas do céu...
Porque...comigo, só levarei...
Sem choramingas,
Aromas suaves do que não esqueci
Lá do meu pretérito de criança...
-Quiçá saudades de mim mesmo...
Quando me derramava...menino bagunceiro,
Pelos quintais floridos da infância...
-Quiçá saudades do que eu não fui...
Porque enfim eu desejara...tanto tanto,
Ser como um bem-te-vi laranjeira a anunciar
Em meu terreiro, alvoreceres eternos...
Como diz Manoel de Barros:
“E isso explica o resto.”

Montes Claros (MG), 21/05/2016
Romildo Ernesto De Leitão Mendes (RELMendes)

  

sábado, 14 de maio de 2016

Sonhos enchem-me de peraltices avoantes



Sonhos e mais sonhos...abusadinhos,
Sempre permeiam-me de despropósitos
-Os dias desocupados...
-As mornas tardes preguiçosas do sertão...
-As noites vadias...ou de tristezas em breu,
-As madrugadas envolventes
(De tantos encontros e desencontros...)
Que a força d’alma atiça
Ou simplesmente a calam...
-Os alvoreceres luminosos...
(Que espantam estrelinhas-pirilampos,
Afugentam os belos clarões do luar,
E põem a correr...de suas alcovas,
Os amantes perdidamente apaixonados...
Que do tempo...a passar, esqueceram-se...)
-Os crepúsculos...sempre tão lindos,
Ainda que, abusadamente, melancólicos...acho!

Sonhos são apenas sonhos...
-Uns desabrocham generosamente,
Tornam-se árvores frondosas...
Florescem...dão frutos,
E quão saborosos o são!
-Outros são fugazes...efêmeros,
Apenas arroubos passageiros d’alma
- gentil visionária passarinheira –
Repleta de despropósitos encantadores...
Que sonha por sonhar apenas...
E se faz passarinho a voar...ara!

Montes Claros (MG), 14/05/2016
Romildo Ernesto de Leitão Mendes (RELMendes) 


domingo, 8 de maio de 2016

MÃE É UM PUNHADÃO DE TUDO DE BÃO

-Mãe é um realejo a tocar
Cantigas de ninar...
-Mãe é um carrinho de algodão doce
A adocicar nosso percurso
E os nossos descaminhos...
-Mãe é um frasquinho de perfume
Que gostamos de cheirar muito
Pra sentir sua fragrância...inesquecível,
A nos perfumar a vida inteirinha...
-Mãe é uma gangorra encantada
Onde se gosta de balangar
Por horas e horas a fio...
-Mãe é um jardim em flor
Que se derrama em amor-perfeito
Pra enfeitar nossos dias...
-Mãe é uma eterna reticência...
Porque está continuamente
Se desdobrando em pedaçinhos
De ternura e carinho...
-Mãe é um berçinho de aconchego
Onde se pode descansar...profundamente,
Sem nenhum sobressalto
Nem tampouco qualquer medo...
Mãe é um céu estrelado
Porque os olhos de nossas mães
Estão sempre cheios de estrelinhas
Pra nos alumiar os caminhos...
-Mãe é uma vivendinha
De porta sempre aberta
Pra nos acolher
Quando...por algum motivo,
Quer sopro forte do vento
Ou a chuva que desaba
Perdemo-nos pelo caminho...
-Mãe é um amor, e o amor
Que invade...com jeitinho,
O coração da gente pra sempre...

-Ara! Mãe é tudo de bão, sô!
-Ah, minha mãe!
-Minha gente, se eu tivesse que escolher
Uma mãe, eu escolheria a minha...ora!

Montes Claros (MG), O7/05/2016

Romildo Ernesto de Leitão Mendes (RELMendes)

terça-feira, 3 de maio de 2016

Um dia só pro`s bregueços da saudade


Isto certamente seria um dia
Só pra saudade
E seus muitos mistérios...
Que ora nos acalentam tanto...
E ora muito nos espantam.

- A saudade sempre dói...sim!
Sobretudo a saudade das coisas
Que não foram...
Quando tinham tudo
Para terem sido:
- Os beijos de amor
Que não roubei...
E que eu bem podia
Tê-los surrupiado 
Sorrateiramente...
Quando a mim se ofertaram
Graciosamente...

- As fotografias...propositalmente,
Esquecidas
Na minha velha “Rolleiflex”... 
Que se eu as tivesse revelado...
Bem poderiam estar
Aqui e agora, enfeitando...sim,
Sem pundonores algum...
O portfólio secreto de minhas gratas
E  saudosas recordações...

Ah! E tantos outros etc’s 
Ou miudezas há...enfim,
Que deixei atrás da pressa
Quando andei...errante,
Sem rumo e nem prumo...
Em busca da tal felicidade
Lá no pretérito já bem distante.

- Mas que...nesse exato momento, 
Eu tento ansiosamente reavê-los
Porque os quero havê-los agora...
Pra degustá-los por inteiro...
Pra realinhava-los carinhosamente
Nos desvãos de minha gratidão
Por tudo quanto vivi...
Antes que se esgote completamente
A hora das circunstâncias propícias
Ao pleno resgate deles...
( dos outros etc’s e ou miudezas...ara!)
Vez que a pés em chão caminho apressado
Pra onde depositei minha esperança
E não quero levar comigo, senão o amor...
Que generosamente ofertei e recebi.

Montes Claros (MG) 03-05-2016
Romildo Ernesto de Leitão Mendes ( RELMendes)