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domingo, 31 de julho de 2016

QUEM VIVER VERÁ

De repente,  é tão de repente
Que num piscar de olhos...
Ou como num suspiro do vento,
Pomo-nos diante de um outro perfil de vida
Que não mais aquele
Que nos era tão costumeiro outrora:

- As crianças cresceram... e foram-se embora,
Vez que seus quartos estão arrumados...
Pois já não há mais quem os bagunce
Como bem antigamente...

- As flores do jardim?
Ah! Essas feneceram...completamente,
Vez que as primaveras se apinharam em demasia...

-Os sonhos esbanjados aos montes,
Vez que não os amealhamos para o porvir...
Ora! Uns se concretizaram totalmente
Pois se fizeram belos Ipês floridos
A encantar-nos ainda hoje em dia...
Enquanto outros...turvaram-se
Ou foram tão-somente
Coloridas bolinhas de sabão
Que nos enfeitaram os momentos
Difíceis da caminhada...

- A nossa paixão nos escapuliu pelas frestas do tempo,
Vez que escapulir sempre lhe é tão apropriado...
Pois não há quem a possa reter por toda vida...

- Ah! Mas o amor, entretanto, robusteceu-se em nós,
Vez que, nesse então, cá estamos nós sentadinhos
Nesse batentinho da porta da rua  
- Sem dizer uma só palavra sequer -
A contemplar o ciclo da vida fluir
E a perguntar-nos apenas com os olhos:

- Será que agora teremos um pouquinho de tempo
Só para nós?!

Montes Claros (MG) 30/07/2016

RELMendes

quinta-feira, 28 de julho de 2016

DESALENTO...JAMAIS!


Evito-o sempre...sem esmorecimentos,
Menosprezo-o...sem titubear  a todo momento...
Enfim... Face ao desalento:
- Ando a largas, correndo...
- Escondo-me...nos braços da esperança,
- Encanto-me com novas surpresas,
- Bato asas... e ao fazê-lo alopradamente,
Ah! Assovio quaisquer músicas:
- Polcas maxixes sertanejo...
Pois quem pariu o desalento... ó desencanto,
Não foste só tu deveras tão-somente...
Foi, também, a imprudência ingênua...que em mim
Depositou-me confiança...mais que devia,
Na sombra do alheio...um dia!

-Ara! Refuto veementemente a desesperança...
Porquanto é mãe do pranto e madrasta da alegria,
E se... portanto, não quedo-me jamais plangente
Aos cantos da auto-piedade...remorso vão,
Posto que sereia a solfejar lamentos tristonhos...

-Ah, Não! Não me padeço de desalento
Nem tampouco o recito nunca...
E sem essa tristeza rouca e esparsa... Ha...ha!
Declino-me em versos poemas sonetos
Que em mim teriam adormecido
Não fora eles transbordantes de fulgores e alentos...

Montes Claros (MG) 28/07/2016

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sábado, 16 de julho de 2016

A despedida final

                              ( Epitáfio )
Eu quereria que fosse singela
como meus versins...
Que ela fosse discreta
como o desaparecer dos passarinhos,
- Que sempre partem...sem alarde algum,
Pois quando se dá conta...pronto,
simplesmente, já se foram...há tempos,
simplesmente, já desapareceram,
sem nenhum bater de asas...insolente,
sem nenhum solfejo estridente sequer...
- Dizem que é por que morrem de flores,
e jamais de espinhos... -

-Ah! É bem assim...como os passarinhos,
que eu almejo partir daqui...
para o todo sempre...um dia,
sem assovio algum...
sem estardalhaço nenhum...
sem sequer um bater de asas enfim...

-É isso aí...tão-somente,
o que trago n’alma de forasteiro...na terra,
e no coração de poetinha...
passarinho em arribação...

Ah! E se alguém perguntar por mim,
Ora! Diga-lhe que me fiz canarinho do reino,
e voei serenamente lá pras bandas de céu...
A discrição e o silêncio...
Honrar-me-ão e ao passarinho que fui então.

Montes Claros (MG) 13/07/2016
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domingo, 3 de julho de 2016

Festa no arraiá da sinhá Anja!!!

   (Angela Mendes)

-Êita, mas que belezura de festança sô! 
Fogueira, bandeirolas coloridas...
Balões de tudo quanto é cor...
Zabumba, pandeiro, muita sanfona e viola, 
E uma cantoria arretada noite afora,
Enfim, gente alegre...por todo lado,
E as gargaiadas derramano do teiado...

-Procês tê uma idéia certinha certinha:
A parentagem toda de Sá Anja...tava lá,
E os amigos dela tamém tava tudo lá,
Mas vô dizê  procês u nome só de arguns...
Pruque us outro, eu nem conhecia bem, 
Ou nem tampouco vi eles pur lá tamém...
Pois quando lá cheguei desconfiadin...
Já tava tudo arrastano pé no terrerão:
Fátima Pessoa, Gorete Alves, Ereni Wink, 
Paula Amaral, Moira Studart, Katia de Souza, 
Delci Helena, Marli Solange Maleski...
Mô Schnepfleitner, Regiana Amorim, 
Marco Aurelio Tisi...
E tantos outros e outras...
Inté o poeta Claudio Carmo...tavu  lá tamém,
Pois antes de partir lá pras bandas do céu,
Fez questão de se ajuntar à turma
Do amando Grupo VOZES DA POESIA
  - do qual era um dos poetas-mor –
Nessa famosa festança junina em Cascavel,
Só pra vê o sorriso largo de Sá Anja
Se abri de alegria e enfeitar
O terreiro inteirin inteirin de poesia...    

-E oia só aqui minha gente, todo aperreado, 
Eu tamém tava lá...
Só as brasa assoprano...tempo tudin,
Só as brasa assoprano sem pará
Pra assá batata doce...pinhão,
Mio verdin e amendoim...
Pramordi enchê o bucho deles,
Qui di fomi já tava inté roncano...ara!!!

-E todos lá no terreiro, só quadriano!
Só quadriano e balangano o esqueleto!!!
Ah! Vô recramá pra sinhá-moça Anja,
Ah, se vô! 
Pruque  du jeitu qui tava, 
Num dava de jeitu manera sô! 
Pois se pra eu só sobrava trabaiu,
Enquanto eles só quadriano,
Entonse eu num dava mais conta 
Di ficá ali suzin na fugueira...

Há! Se é assim, disse pra mim mesmo:
 Vô simbora dessa fugueira,
Pruque num tava mais aguentano
De tanto trabaiá ali suzin...
Enquanto a gentarada toda...
Tava se esbaldando pra valer
Naquela festança toda...ora!!!

Montes Claros- 19-06-2013
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