-Foram-se
as palavras/ todas/ou quase todas/
Quiçá
porque seja inverno /frio/ cinzento/ e hibernador/
-Foram-se
os versos singelos/ todos/ todos/ mesmo/
Quiçá
porque seja inverno / frio/ cinzento/ e hibernador/
-Foram-se
também/ os lampejos da verve/ que agasalhou-se/toda/
Sabe-se
bem lá onde/ ou simplesmente/aonde/ nem porque/
Quiçá
porque seja inverno / frio /cinzento/ e hibernador/
Quem
sabe, né?
-Ah!
E sem lareira que aqueça-me os pés /gélidos de frio/
Nem
tampouco à ponta de meu nariz/ também/ em gelo/
E
sem abraços do hálito morno /do verão/ escaldante/
Nem
as fogueiras /incandescente/ lá fora/ no terreiro/
Desembrulham-me
os arroios da inspiração /engruginhada/
Nos
desvãos /do imo de mim/ totalmente/ hibernado.
-No
inverno /definitivamente /esse vate aqui/ não verseja/nada/
Vez
que su’alma enviúva-se/ completamente/ no inverno/
Ao
espiar o céu que dorme/ em cinza/ ainda que/ argentado/ de luar/
E
pirilampejado de estrelinhas /salientes/ a lampejar nas noites/frias/
Tentando
despertar-me / de.tão absurda/ hibernação / poética.
-Mas
esse vate aqui/ no inverno/ não desimberna/ mesmo/
Nem
pra tomar um cafezim/ quentim/ ou mesmo/um bom chimarrão...
Pois/
no inverno/ nem sequer/ a Anjo/ eu me disponho/ a dar/ ouvidos!
RELMendes
26/06/2017
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