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sábado, 22 de setembro de 2012

Devaneios Poéticos



Ao tentar poetizar lembranças
Logo me remeti à distante infância
Onde pude ruminar recordações diversas...

Com delicada leveza,
Deslizei cuidadosamente
Por entre aqueles retalhos de vida
Receando ferir-me novamente.    

Remeti-me às verdes pastagens
Lá do distante “Triângulo Mineiro”
Tantas vezes por mim outrora percorridas...
Cheguei até a arranhar
Breves momentos de rara ternura:
 Lembrei-me do cheiroso capim orvalhado
 (molhadinho de sereno à noite evaporado)
A exalar um incontrolável odor de esperança;
Ouvi o chalrear de periquitos irrequietos
Agasalhando-se  nos topos dos coqueiros;
Escutei o palrear de papagaios barulhentos
Ecoando do alto das imponentes macaubeiras
E o grasnar estridente das belas jandaias
(Daquelas terras de lá)
A anunciar o limiar lento do novo dia...         

E dessa noite que findava
Silenciosa e escura,
(Que também lenta se foi esvaindo)
Só me recordo de ter sorvido
A luz fraca do bico aceso da velha lamparina,
(Que mal iluminava o sujo cômodo!)
E a imagem tosca de uma desarrumada alcova
(Que alcoviteira se ofertava generosa)
À espera da eclosão
( quase violenta)
De um roubado ato de amor efêmero...  


Ao despertar desses fascinantes devaneios...
Rompi apressado
Com essas imagens do passado,
E ligeiro pus-me a tecer o futuro
Que embora ainda escondido
Proponho-me a revelar agora:
“Lutar, cantar, amar e calar”... sempre!  

Montes Claros(MG), 14-06-2010
RELMendes



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