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domingo, 16 de setembro de 2012

Flores-mulheres do Araguaia distante (Mimo poético à Zélia e Ita Maia) Flores do Araguaia




-Desvestido de qualquer inspiração poética
Tentei mesmo assim  aplacar de algum jeito
A ira da silenciosa musa nesse agora de mim tão arredia:
- Abri apressado a janela que dá pra minha varandinha
E pus-me a contemplar completamente encantado
A belezura de um velho pé de ipê lilás em flores
- Que da dita janela bem se podia vislumbrá-lo extasiado –
Só pra instigar de alguma maneira à tão arredia musa...

-Logo então prorrompi em ternas lembranças
Que ao fluírem borbulhantes à beça
- Como se fora um caudaloso rio -
Fizeram-me resvalar de pronto de corpo e alma
Por saudosas e deliciosas recordações sem fim:
- A decida íngreme da rua Caiubi/ em Sampa...
- A porta sempre fechada que durante anos abri...
- O apartamento aconchegante onde por anos vivi
Rodeado por graciosas flores-mulheres silvestres
E porquanto orvalhado pelo frescor inenarrável
Do belo Araguaia distante...

-Flores-mullheres  generosíssimas
Pois  sempre foram assiduamente  presentes
Em meu irrequieto caminhar à época da juventude
- Tão sem rumo nem sequer prumo algum  -
E porque sempre aos amanheceres douravam-se
De muita ternura e incontáveis gentilezas
Para tentarem acalentar-me à beça
Em meus irrequietos dias...
Plenos de utopias!

-Flores-mulheres  boníssimas
Pois sempre foram muito presentes
Em meu irrequieto caminhar tão juvenil
E também porque em todos os anoiteceres
Sob o argênteo clarão do raríssimo luar de Sampa
Elas sempre se permitiam enluarar-se de alegria
Só pra alumiar-me os malvistos rastros abusados
De meus desvairados sonhos...

-Flores-mulheres amorosíssimas
- Sempre  efetivamente  presentes
Em meu irrequieto caminhar tão juvenil -
Saibam  vocês criaturas de coração lindo
Que ainda hoje e quiçá sempre quem sabe
Irão perfumar-me os dias de saudades tantas...

-Ah minhas amadas flores-mulheres silvestres
Do belo Araguaia distante... Quanta beleza!
Quanta saudade desescondida!


RELMendes – 04/07/2010

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