(In memória de Georgino Júnior)
-Então,
poeta mor, diga-me cá sem xurumelas:
-
Oh poeta clareador deste amado Sertão
Por que tu te mandaste daqui desta terra
Tão
discretamente, mas ligeirinho, á beça,
Deixando
a gente aqui, boquiabertos
De
espantamento, face ao, pra nós, tão inviável,
E
apoquentadíssimos, de saudades tantas
Aos
prantos, até, com os olhos cheios de poeira e dor,
Hein
sô?
-Por
acaso lá do firmamento sem fim...onde estás,
-
Oh poeta mor clareador deste amado Sertão
Algum
acendedor de estrelas atrevido, á beça,
Ousou
te raptar sorrateiramente daqui, desta terra,
Pra
tu ir alumiar de antemão a saia godê da noite
Em
breu e, assim embunitá-la, como se foras tu, sô,
Um
pirilampo sapeca a lampejar zombador o infinito
-
Zombador, sim, mas também, transbordante de sutil
E
inteligente humor deveras interessantíssimo-
Lá
nas alturas das bandas do lá acolá dos anjos bochechudos,
Ou,
quiçá, foi só pra tu ir pra lá brincar de esconde-esconde
Com
as outras estrelas tuas parceiras de incandescer
Os
céus logo após o adormecer do crepúsculo, hein sô?
-Bom,
oh poeta mor sertanejo, clareador de mentes e corações
Num
arrepare não, por favor, minha tamanha intromissão,
Mas
em sendo eu, por demais, enxerido, nessas últimas noites
Após
o teu estrelamento, andei vislumbrando, lá nos altos céus,
Uma
estrela mais lampejante que todas as demais que por lá
Brilhavam
...piscando, piscando... Sem cessar!
Então,
tive por certo que eras tu, oh caro poeta mor sertanejo,
Brincando
lá no céu displicentemente, com outras estrelas,
Ao
teu redor, de MontesClarosmontesclariou!
RELMendes
– 26/10/2018