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quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

Emmanuel, o menestrel da Esperança... ( Ro 5,5)

                              ( Uma cronicazinha afetuosa) 


Bato-lhes...
Delicadamente...
Às portas de seus corações 
Para falar-lhes de um, certo, menestrel da “Esperança,”
A quem tive a felicidade de conhecer
Lá pelos idos da década de sessenta,
Em um convento dominicano
Situado no alto da “Serra do Ouro”,
Em Belo Horizonte.

Seu sobrenome era Retumba,
E, Emmanuel, era o seu abençoado nome.
Realmente...
Não sei lhes dizer se esse nome lhe foi dado
Por pura coincidência,
Ou por generosa providencia de Deus...
Mas, que verdadeiramente o “Senhor”
Sempre se abeirava de onde quer que ele se encontrasse,
Ah, disto, não duvidem!
Pois, posso certamente testemunhar-lhes
Com toda segurança de que é verdadeiro,
Já que eu mesmo, por inúmeras vezes, fui agraciado
Com a inenarrável benção da presença do “Altíssimo”,
Bastando-me apenas que o tal bondoso amigo se aproximasse de nós
  (seus filhos espirituais)
Para convocar-nos à oração,
Ou, até mesmo, quando, só, nos chamava para almoçar ou jantar.
Isto, porque, conseguia estar mergulhado no “Amor de Deus”,
Permanentemente!
Na ancianidade,
Era chamado de frère Manu,
Por todos os que o conheceram.

Já o conheci determinado
  (desde há muito )
A ser santo, santo, pra valer!...
  (ou seja, a ser um homem verdadeiramente de “Deus!)
E já o era de fato sem disso nunca ter se ensimesmado,    
Pois, desde todo o sempre aprouve a Deus,
Humilde o fazer!
Peregrinou por claustros diversos,
Teceu de humildade o trilhar do seu caminho,
Vestiu-se da delicada veste da santidade até o fim de seus dias,
Graça que obteve de “Deus” por ter se mantido,
Durante a vida inteirinha,
Na mais intensa intimidade com o “Senhor”.
Ele era um homem de atitudes generosas e transparentes;
Era, silencioso e discreto, porque afeito à oração e a escuta
de “DEUS” e dos penitentes;
Tinha olhos vivos e luminosos,
Sempre atentos às necessidades de todos..
Enfim, ele era um servo sempre a disposição de todos,
E tinha um coração imenso.


Mas, um dia, ou, ao entardecer de um dia qualquer,
Tive que me despedir-me dele, porque resolvi partir.
Então, ele sussurrou-me, sereno,
Uma doce palavra de consolo:

“Nem sempre são os melhores que ficam!”

E, logo em seguida, deu-me um bom e inesquecível conselho:

“Não perca nunca a Esperança!”
               (Ro 5,5)

Então, por todos esses motivos,
E por tantos outros aqui não mencionados.
Nem dele, nem tampouco de seu sábio conselho,
Creiam-me:
Jamais consegui me esquecer!...

Montes Claros (MG), 20-02-2012
 RELMendes


    

segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

Na varanda da saudade de Sampa

          (Poecrônica:Um tour pela paulicéia desvairada d’outrora!)

-Se...em Piratininga,
Muitas alegrias vividas
Airaram-me os dias,
Também...em Piratininga,
Muitos segredos escondidos
Enfeitaram-me a vida:

-Pernas...saudáveis,
Acídia a ser vencida,
-Olha só: - eu na rua!...
-Olha só: - eu na avenida!...

-O cheiro...delicioso,
De um simples pedaço de pizza...
A exalar em qualquer esquina,
Aguçava-me a gastrimargia!
-Então: - Olha só, eu na rua!...
-Olha só, eu na avenida!

-Trabalho...assalariado,
Com carteira assinada?
Uma kitnet...pra morar,
Mas que felicidade...
Era tudo que sonhava, enfim...
-Olha só: - eu, então, curtindo a cidade!
-Olha só: - eu, em Sampa, a me esbaldar!

-Lá pelas bandas da Rua São Bento...
(de soslaio a observar)
Eu contemplava...admirado,
O ir e vir dos bondes,
Lentamente...a deslizar
Pela bela Avenida São João...
Mas que coisa fascinante!...

-Nessa amada cidade, São Paulo,
De encantamentos, tantos,
Só esses fatos bastavam-me...
Pra eu confundir...
(sem pestanejar!)
Prazer, com felicidade!...

-Não sei se...por hábito ou vício,
Mas sempre transitei...feliz,
Pelo decantado cruzamento
Da Ipiranga com a Av. São João,
De onde...inevitavelmente,
Eu submergia...inebriado,
Num turbilhão de sensações,
Que...pouco a pouco, despejavam-me
Na famosa Consolação,
Logo após eu atravessar
A belíssima Av. São Luis...
Que à noite se enfeitava toda...
De bares e mais bares...
Espalhados por suas largas calçadas...
Ah, quanto essas avenidas...
Fascinavam-me!
- Então, olha só: - eu na Consolação!...
- Olha só: - eu na São Luís!

-Por esse famoso cruzamento...da Ipiranga
Com a belíssima Av São João, facilmente...
Chegava-se, também, à bela Pr. da República,
Que...aos domingos, mais se parecia a uma ágora,
Porque era dia da célebre feira hippie do paulistano...
E para lá convergiam e ainda convergem:
- Gente de todas etnias e tribos diversas,
- Solitários viandantes curiosos...
- Poetas, Artistas plásticos, toda sorte de Artesãos,
Comerciantes e turistas, enfim...

-Ah! Atravessei...inúmeras vezes:
 Os viadutos de Sta. Efigênia e do Chá;
-Embrenhei-me...incontáveis vezes:
-  No “Bexiga das Cantinas”,
 E na Bela Vista do Teatro e dos teatros;
-Perambulei...por ruas diversas:
 - Na Cardoso de Almeida,
 - Na Caiubi, aonde com Camila, Lúcia e Zélia, convivi;
 - Na Monte Alegre da PUC e do TUCA,
Aonde a  Mariá, conheci;
- Na Major Sertório do “João Sebastião Bar”,
Do “Ela, Cravo e Canela”, e do “La Leicorne”,
Aonde residi e muito me diverti...

- Ah! Vejam só: - quantos segredos escondi!...
- Ah! Sintam só: - quantas alegrias vivi!

- Então, agora, chega de revelar coisas....
Outrora contempladas tão profundamente,
Chega de desvendar delícias vivenciadas,
Tão intensa e gulosamente...
Porque, abusadamente, reservo-me  
O direito de não decifrar os segredos da Sé,
Nem tampouco os do Pátio do Colégio.
- Hoje, eu não quero relembrar mais nada!
- Hoje, não descreverei mais nenhuma lembrança,
“Só depois de amanhã”!...


Montes Claros(MG), 10-04-2011
RELMendes



sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

Pegadas d´ outrora!...

(arrochos de bem antigamente)



Ah! Não há no mundo quem não saiba
Que no percurso da vida
Tive muitos amores:
- Uns paixão verdadeira e intensa
 ( nem outros subsequentes
   nem tampouco a batuta do tempo
   conseguiram apaga-lós
   completamente)
- Outros somente arroubos efêmeros
  De um coração juvenil apaixonado
  (se quão rapidamente vinham
   também quão ligeiros se
   diluíam no mundo encantado
   dos sonhos e das fantasias pueris enfim)
- alguns outros ainda
  Nada mais além
 Que marromabas safadas
  De um jovem inconsequente
  ( a se vergar à efervescência
    da libido desordenada)

Ah, meu Deus!
Sabe-se lá...
-Quantos beijos roubei
-Quantos cheiros
 sorrateiramente surrupiei
- Quantos arrochos
 Indiscretamente
Sem cerimônias eu dei...
Ah, quem dera sabe-los ainda?!

Ara! Então, volvamos lá ao pretérito
 ( hoje já tão distante)
 Pra eu cascavilhar saliências saborosissímas
Que não pretendo esquecer jamais
 (“nem bem de vagarinho”... ora bolas!)

Ah! Quantos beijos roubados?!
Ligeiras, com um suave empurrão
E um discreto sorriso...
Dos beijos elas se esgueiravam
Sorrateiramente...

Oh! As mãos curiosas...
E de espertezas cheias
Abusadas deslizavam
Por suas costas macias                                                            
E desnudas...

Ah, meu Deus!...
Como era maroto o nariz!...
Ávido, inalava o hálito
- De propósito - exalado
Pelas suas bocas aveludadas
Que de graça o ofereciam!...
 E pra completar
O bendito nasal
Ainda cheirava profundo
Suas enrubescidas cútis
Que deliberadamente, com sutil elegância
Delicadas a valsar elas as ofertavam 
Perfumadas...

Por fim...
Todos esses meus muitos amores
Prorromperam em mim abusados,
Só pra esculhambar o meu peito.
Pois fincaram no tempo

Suas estacas de saudade
só pra ungir de lembranças 
A eternidade de alguns momentos
Que ainda hoje serpenteiam... aloprados,
Pelo desenrolar de meus dias...

Montes Claros(MG),  05-02-2012
RELMendes