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quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

Ouvindo o alvorecer


                                                                                                                                          

O sussurro do alvorecer
Se faz poeticamente escutar,
Ao pressentir os raios de sol,
Que ameaçando rasgar o firmamento,
Irão apagar as estrelas,
Candelabros à noite acesos,
Para pontilhar de luz a escuridão noturna
Que o peregrino extasiado
Insiste em  contemplar.

Prorrompe o sussurro do alvorecer,
Impondo o limiar de um novo dia,
Anunciado pelo orquestrar de vozes animais,
No ar eclodindo.
Soa o cacarejar, paulatino e impertinente, do galo.
Multiplica-se o pipilar de pardais irrequietos.
Zune compassado o chilrear de periquitos
Esvoaçando sincronizados no horizonte sem fim.
Intensificam-se o guinchar dos suínos famintos
E o mugir melancólico dos bovídeos.

Cessa de imediato, o coaxar dos sapos,
Que resilientes se ocultam
No sombreado de grossas folhas sobrepostas
Nas hastes das multicoloridas bromélias,
Transbordantes de sereno recolhido.

Ao clarear o horizonte infinito,
O sol abusado forçou partir  saudosa a noite,
Que fugindo, abandonou nas pontas do verde capim,
Minúsculas gotas brilhantes de orvalho.
Talvez, lágrimas transparentes de sereno,
Rastros delicados de quem forçada,                                                                                                     
De súbito, teve que se retirar,
Mesmo sem desejar  ir.

Agora, instalado o dia,
Debruço-me nas asas da imaginação,
Deixando-me palmilhar trilhas iluminadas
Por entre touceiras de girassóis dourados e dourantes,
Que balouçam desconjuntados
Ao soçobrar da frígida brisa matinal.
                                                                                 
Montes Claros, 15-09-2011
Romildo Ernesto de Leitão Mendes

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