Saudade do
incandescente pôr do sol
Que, logo após
completar seu escondimento,
Perrmitia a
olhos curiosos vislumbrar
O infinito
firmamento
(pontilhado
de reluzentes estrelas),
Esbanjar
generoso
O seu inenarrável
encantamento...
Saudade do
luar prateado
Que enluarava
os verdes mares,
E das alvas
areias finas da praia
Onde ondas
apaixonadas
( uma
após outra)
Derramavam-se alegres
E em repetida
sequência...
Saudade da
água fresca da quartinha,
(num sombreado canto da casa colocada)
Saudade da
varanda caiada de branco,
Saudade da
rede puída pela maresia,
Balançando...
balançando...
Ao sabor do
forte vento...
Saudade de me
aboletar numa delas
Só pra ouvir,
bem de pertinho,
O barulho do
quebrar das ondas
A bordar na
areia rendas de labirinto
Com suas
brancas espumas abundantes
Lá na bela
enseada do mar indolente
De
Jericoacoara...
Saudade de
mergulhar no Timbó
(riacho fresco de águas cristalinas)
Que a
sussurrar cortava as terras ressequidas
Do sitio de
meus avos maternos:
A bela cabocla
Elvira, mulher do galego João Gomes
De vivos olhos
azuis reluzentes.
Ah! O Timbó era um riacho tão lindo.
Nele corria muita água fresca
E, às suas margens,
Nele corria muita água fresca
E, às suas margens,
Bastante
flor nascia...
Saudade de
comer pitu,
(um baita camarão de água doce)
Que (com
peneira)
Lá acolá, no
dito riacho,
Muitos se
podiam pegar!
Saudade da
mesa posta,
Repleta de
saborosas iguarias
Que só de se
olhar de soslaio,
Prestes nos
dispúnhamos a consumar
O terrível
pecado da gastrimargia:
Peixe assado
na brasa,
Recheado
de lagostas e queijo coalho;
Salada
arretada: legumes, verduras,
Rapadura e até
cocada;
Caju
cristalizado ou em calda;
Banana seca e
sapoti;
Buchada,
frango à cabidela,
Bolo de
carimã, pé de moleque
Ou grude de
castanha de caju
Como lá se
chama;
Macacheira
cozida e tapioca besuntada
De manteiga
derretida;
(Claro, depois de desengarrafada!)
Tudo ali
(bem pertinho
a se ofertar)
Para num
piscar de olhos
Ser
degustado
Por um bando eufórico
De alegres esfomeados...
Arre égua!
Só me falta
agora sentir saudade
De engolir uma
bilha cheinha
De cajuína
fresquinha
Pra saciar-me
a sede
(do meu quase maluco desejo)
De voltar
ligeiro pro Ceará dos meus sonhos,
(ainda que seja no lombo dum jegue)
Porque é a terra
onde está meu aconchego,
E que, neste
exato momento
Do meu poético
desvario,
Oferta-me:
O colo generoso
como regaço,
Os braços
abertos de pura alegria,
E os macios
seios ensolarados da terra
Pra que eu
possa (certamente um dia)
Lá repousar saciado
por inteiro...
Montes Claros
(MG), 16-03-2012
RELMendes
É demais!... Acho que o povo gosta da sua poesia porque vc teve uma vida rica e fala muito de nossos costumes, inclusive culinários. Sua poesia é bela não apenas porque vc sabe brincar com a riqueza das palavras, mas sabe dizer do que muita gente sente e não sabe expressar principalmente com a transparência e beleza com que vc exprime experiências do di-a-dia.
ResponderExcluirBjs e parabéns!
Lu