(coisa que não devia espantar!)
O
prelúdio da finitude
Atrela-se,
sorrateiramente,
Ao
momento exato
Em
que esplende a vida.
Talvez
por estarmos envolvidíssimos
Com
a ânsia de imortalidade terrena,
Não
o percebamos, de imediato,
Mas... tanto a indesejável das gentes,
Como
chamou, Bandeira, à morte,
Quanto
à tenra, hábil, anelada e belíssima vida,
Tão
decantada por Trótski, Chaplin, Benigni,
E
tantos outros enfim,
Despontam
juntinhas!
Ah,
essa “indesejável das gentes”!...
Será
mesmo que se há que temê-la tanto?
Se
tanto ela, a desconhecida morte,
Quanto
aquel’outra...a iluminada vida,
Talvez
nada mais sejam
Que,
apenas, breves momentos...
A serem vividos intensamente,
Ou
talvez, quem sabe não sejam mais
Que
um tão somente do visível anverso
E
do obscuro reverso da mesma moeda-vida,
Ou
talvez ainda, que uma seja apenas o agora,
Enquanto
a outra seja tão somente o não ainda,
E
se assim for, pra quê tanto pavor...
E
tamanho assombramento?
É...pois
é!
Da
iluminada vida, afirma-se que há pausas aos montes,
Porque
podemos degustar-lhe seus muitos “entres”:
Entre
a tristeza e a alegria há uma longa pausa de espera;
Entre
a saudade e o reencontro, também, há pausas
De
ansiedades tantas..e quantas?!
Mas...já
da morte, a finitude da vida, esse grande mistério,
Nada
sabemos, a não ser que nos incomoda,
Imensuravelmente,
ainda que creiamos, desejemos
E
esperemos uma plenitude por vir.
Então,
deliberadamente, questiono-me:
Ah!
Se as flores e as folhas fenecem no outono
E
reflorescem ou ressurgem na primavera,
Não
seria mais óbvio pensarmos
Que
a “indesejável das gentes,”
Nada
mais é que a primavera
De
mais um novamente da vida?!
Montes
Claros (MG),17-05-2014
RELMendes
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