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sábado, 12 de novembro de 2011

Cordel de uma paixão desvairada


-Dá-me licença, minha gente,
Pra eu poder lhes relatar...
O meu grande encantamento
Pela bela arte de representar.
  
-Logo que a Sampa cheguei, em 61,
Pra viver, morar e trabalhar...
De pronto pus-me a buscar
Como do Teatro poder desfrutar.
Então, pus-me a bater pernas...
E a saltar daqui pra ali, e, de lá pra cá,
E aos poucos fui descobrindo:
- Lugares...frequentados por artistas,
Endereços de TEATROS...cursos etc
-E o que devia fazer...de imediato,
Para que eu pudesse aprender
A bela arte de representar...
-Ora!... Com uma incontrolável curiosidade...
Punha-me... (no mesmo dia)
De um teatro a outro,
A bisbilhotar...
E assim criei vínculos de amizade
Com inúmeros artistas...
Que, ao Teatro,
Ensinaram-me a amar. 

-Ora! Dessas minhas muitas andanças teatrais...  
Algumas, agora, passo a narrar:

- Entre mim e o Teatro,
O primeiro contato direto ocorreu
Numa bela noite de estréia
Lá no “Teatro Brasileiro de Comédia”,
Já que em eventos desse naipe,
Entrada, não se costumava cobrar!...
E foi por conta dessa benesse
Que naquele dia eu pude está lá...           
Pra ver...ouvir e admirar,
A grande Cacilda Becker e o Plínio Marcos
No palco a interpretar: “César e Cleópatra”!...
    ( sob a direção de Ziembinski)
 

- Por lá permaneci muito tempo
   (ao lado de  Walmor Chagas)
Até a peça findar.
Eu, para apertar a mão da grande Cacilda,
E ele, pra amainar a fúria silenciosa da critica,
Prestes a esbravejar!...
- Isto é pura verdade...
Quer vocês queiram ou não!
Ainda hoje...como se fosse um eco a soar,
Ouço a voz de Cacilda a chamar:
" Fitatatitaaaaa...
   Fitatatitaaaaa...”
  
- Mas alguns anos depois...
Tive o imenso desgosto de me informar,
Que a interpretar "Godô",
A grande Cacilda nos deixou
Pra no firmamento
Mais uma estrela brilhar...

-Mas, Tré lé lé... Tré lé lé... Trá lá lá!
Porque muitas outras coisas ainda as tenho
Prá lhes contar:
 - Lá no “Teatro da Aliança Francesa”,
(Ao lado de Leonardo Vilar)
Tive a feliz oportunidade única
De contemplar “Gogol” a desfilar...
Com seu famoso monólogo:
“Diário de Um Louco”...
Graças à brilhante interpretação
Do grande ator Rubens Correia,
Que nos fez a todos pasmar.

- Enquanto isso lá no TUCA...
A “Morte e Vida Severina”
(De João Cabral de Melo Neto)
Era ensaiada a todo vapor...
Pra lá na França
(em um festival de teatro)
Se apresentar...

- E lá no “Teatro Oficina”...
“Máximo Gorki” a todos encantava...
Com seus “Pequenos Burgueses”,
Tendo, o grande Renato Borghi,
A comandar a bela apresentação...

- Já lá no “Teatro de Arena,”
A grande Dina Sfat
A carreira iniciava...
Com talento, graça e disposição...
Tendo contribuído assim muito
Prá “Zumbi”cantar...
(com veracidade) 
A tão propalada “Liberdade”... 

-Entretanto, após o lamentável “Golpe de 64”,
   (Apelidado de revolução)
Para a censura enganar...
O Teatro passou daí então 
A expressar seus protestos muitos...
Através de metáforas tantas...
E de musicais inúmeros...  

- Então, logo procurei me informar:
- Como assistir Bibi,
“My Fair Lady” interpretar?!...
Mas logo ao subir a av. Brigadeiro...
Com uma grande placa me deparei
A anunciar a dita famosa opereta
Em que ela, Bibi, Paulo Autran e
Uma multidão de atores coadjuvantes
Lá estavam a estrelar...

- Quinze vezes lá voltei...
  (Só pra me deliciar!)
Pois ficara fascinado...
Com o enredo,
Com os cenários a mudar...
E com o som das “cantigas de cantar”.
Enfim, por tudo isso e muito mais ainda,
Sentia-me sempre atraído
Àquele  teatro retornar...
Pois, a cantar... a falar... ou a dançar...
Todos os atores interpretavam
Lindamente...( sem cessar!)
Produzindo, destarte, em mim...
Emoções inesquecíveis,
Bem difíceis de se explicar!...

- Por fim, então, cerrarei agora
As cortinas das velhas lembranças,
E por-me-ei sozinho a degustá-las...uma a uma,
Para que eu não as esqueça...  Jamais, enfim! 

Montes Claros(MG), 16-04-2011                                               
RELMendes


2 comentários:

  1. Que bela oportunidade vc teve! Mas, se não tivesse tanta sensibilidade de nada teria servido. Bjs, meu irmão,
    Maria Luiza

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  2. FECHO OS OLHOS E AINDA POSSO VER MINHA QUERIDA SÃO PAULO DE TEMPOS PASSADO.
    TEMPOS QUE NÃO VOLTA MAIS E QUE VOCÊ DESCREVE TÃO BEM EM VERSOS.

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