No fluxo e refluxo
da maré de amargas recordações
da infância,
sempre defronto-me
com dois longos corredores.
No corredor do abrigo no interior,
deslizava-me perplexo
entre a sala de visitas e o fundo do quintal
até a exaustão física e mental.
Corria, gritava,
meneava a cabeça de um lado para o outro,
tentando estancar
o suspiro ávido dos amantes!
No corredor da capital,
permanecia estático,
inerte e estupefato.
A porta entreaberta enfraquecia a inocência
e estilhaçava a perspectiva de pureza.
Fugir, sem pestanejar,
era o desejo imediato.
Anelo impossível!
Obstáculos intrasponiveis:
à direita um coati selvagem;
à esquerda uma janela no terceiro andar.
Quero evadir-me, não posso!
Nenhum ‘bando de pássaros selvagens passou por ali”.
Embora, minha rosa fosse falsa,
eu não era o “Pequeno Príncipe”.
Montes Claros (MG), 02-05-2009
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